É preciso proteger os mananciais do Gandarela. Seja sensível ao apelo, Chico!

Movimento “Chico, salve o Gandarela” pede que o ICMBio assine a regulamentação da zona de amortecimento do Parque Nacional | Coluna publicada também no site do jornal Diário do Comércio
A Serra do Gandarela precisa de uma zona de proteção além do parque | Foto: Projeto Preserva

 

O Chico, no caso é o Mendes. Não que ele nunca tivesse se importado com as causas ambientais. Ao contrário! Mas como o nome do ativista covardemente assassinado em 1988 compõe o do ICMBio (Instituto Chico) Mendes de Conservação da Biodiversidade), é dirigido a ele o grito de socorro do Gandarela.

Há pouco mais de dois meses, nós, do Projeto Preserva, falamos sobre o assunto aqui. E, a cada dia, vemos que as mais importantes de nossas minas gerais, as de água, estão sob intensa e crescente ameaça. A Serra do Gandarela, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, abriga uma formação raríssima, um aquífero dentro das rochas de minério de ferro, que se traduz num grande reservatório natural que abastece as bacias dos rios das Velhas, São Francisco, Piracicaba e Doce. É um dos últimos aquíferos intactos da região.

Além de ser um patrimônio ambiental de valor inestimável, a Serra do Gandarela é vital para a segurança hídrica de milhões de pessoas. Ameaçar de destruição um manancial tão importante, ainda mais em tempos de crise hídrica e mudanças climáticas, é de uma insanidade perigosíssima. No entanto, sua proteção ainda é frágil diante da pressão da mineração.

Uma caneta, porém, pode fazer uma enorme diferença. E ela está nas mãos de Mauro Oliveira Pires, presidente do ICMBio, autarquia federal responsável por gerir, proteger, monitorar e fiscalizar as mais de 300 Unidades de Conservação Federais (UC). É para ele que se dirigem as lideranças do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela, da organização ativista NOSSAS, ao lado do Projeto Manuelzão da UFMG, do Instituto Cordilheira, do Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (Macaca) e do Fórum Permanente São Francisco e mais milhares de pessoas que enviaram um e-mail para o presidente do ICMBio, ainda no primeiro dia da campanha, lançada na tarde de quinta-feira passada (20).

O objetivo é fazer com que o ICMBio defina logo a zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra do Gandarela. Ela funciona como uma espécie de escudo ecológico, regulando as atividades no entorno da unidade de conservação. No caso do Gandarela, essa proteção pode evitar que a exploração mineral comprometa nascentes e cursos d’água, que são essenciais para a manutenção da biodiversidade e da qualidade (e quantidade!) da água na região.

Eu, com o privilégio de também ser um Chico (tenho nome composto: Odilon Francisco, em homenagem aos meus avós) e de ter xarás como o Mendes, o Buarque, o Anysio, o Science, o papa atual, o Bento –que não é papa, é dos quadrinhos–, o Bosco –filho do João–, o rio São Francisco, o Velho Chico, que nasce em Minas e que é abastecido pelas águas que brotam no Gandarela, engrosso o coro para que o presidente do ICMBio –que não é Chico, é Mauro–, assine o documento que estabelece a zona de amortecimento do parque.

E que seja dentro dos interesses da humanidade. E não nos baseados em ganhos econômicos de curto prazo, especialmente quando os danos ambientais e sociais podem ser permanentes.

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