Minas Gerais lidera mais uma vez o desmatamento da Mata Atlântica

Quatro dos dez municípios que mais suprimiram vegetação da Mata Atlântica em 2024, no Brasil, são de Minas
Vista da Mata Atlântica na Serra do Brigadeiro (MG) | Foto: Projeto Preserva

 

Quatro dos dez municípios que mais suprimiram vegetação da Mata Atlântica em 2024, no Brasil, são de Minas. Dos outros, três são da Bahia e três, do Rio Grande do Sul. Os dados da edição do RAD – Relatório Anual do Desmatamento no Brasil –, publicado no fim da semana passada pelo MapBiomas, listam as mineiras Ninheira, Águas Vermelhas, Curral de Dentro e Araçuaí, onde, no início do mês, a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei que pode reduzir à metade a Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Lagoão, importante unidade de conservação da região. O projeto está em análise na Prefeitura, que tem até o dia 27 para sancionar a lei, segundo o gabinete do prefeito Tadeu Barbosa de Oliveira (PSD).

Dos 15 estados com incidência do bioma, Minas é o que teve a maior área de Mata Atlântica suprimida, com 5.352,37 hectares, 3% a mais que em 2023 (5.317,59 ha). No geral, o desmatamento do bioma manteve-se próximo da estabilidade no país, registrando de 13.472 hectares em 2024, sendo que 13.212 ha haviam sido desmatados em 2023. Na apresentação do relatório, Natália Crusco, coordenadora da equipe de Mata Atlântica do MapBiomas, afirmou que o estrago seria menor e o resultado, de diminuição no desmatamento, não fossem os eventos climáticos extremos registrados nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Nos outros biomas, o ritmo diminuiu: na Amazônia, na Caatinga, noPantanal, no Pampa e no Cerrado – que apresentou a maior área afetada pelo segundo ano consecutivo, com mais da metade (52,5%) do total desmatado no Brasil, em 2024.

Ok. Os números estão aí. Mas o que se esperar e pensar disso? A perspectiva da Mata Atlântica em Minas não é nada boa, com a boiada, no caso, as carretas da mineração de lítio liberadas para passar livremente por uma área, antes, de preservação. Por uma atividade que pretende suprimir não só a vegetação e a água de uma região, mas sua própria identidade, referindo-se a ela com o infame título de Vale do Lítio, apagando o nome do rico, cultural e ambientalmente, Vale do Jequitinhonha.

 

Cerrado

 

No Cerrado, o cenário é ainda menos otimista, com a nova Regulamentação da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) no horizonte. A norma deve começar a ser aplicada no fim deste ano e proíbe a colocação no mercado europeu de produtos associados ao desmatamento e derivados de madeira que tenham sido indutores de degradação florestal. Há uma peculiaridade: o entendimento de desmatamento da EURD é baseado na definição de floresta da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), que considera áreas com árvores acima de 5 metros de altura e uma cobertura de copa superior a 10%, ou árvores com capacidade de atingir esta altura, e exclui formações não florestais, como ocorre no Cerrado. Pode haver, portanto, uma forte tendência de migração de atividades ligadas ao desmatamento de regiões amazônicas ou de Mata Atlântica para o bioma que já é o mais castigado no Brasil

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