A Serra do Elefante, em Mateus Leme, Região Metropolitana de Belo Horizonte, é uma unidade de conservação municipal que preserva a Mata Atlântica. A unidade não foi totalmente implementada e, agora, teve parte do bioma destruído para obras de loteamento.
Integrantes do Comitê da Bacia do Paraopeba e moradores da associação que protege a serra afirmaram que a demarcação dos lotes de 32 hectares já afetou parte do bioma, impactando rios e o patrimônio histórico.

“O risco de loteamento nessa área é que o número de cursos de água é grande e essencial para a Bacia do Paraopeba, além das diversas espécies da Mata Atlântica. A área de conservação não está registrada e, por isso, a prefeitura conseguiu a autorização para lotear”, disse Roberto Brandão, representante da OAB no Comitê do Paraopeba.

Segundo os integrantes do Comitê, houve liberação do Codema, Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, para supressão. Essa autorização só poderia vir do IEF, o Instituto Estadual de Florestas, segundo Brandão.
Em fevereiro desse ano, um decreto municipal que revogou a Zona de Amortecimento da Serra do Elefante, importante área de preservação ambiental. A medida foi assinada pelo prefeito para reduzir em um terço a faixa protegida.

A Zona de Amortecimento é uma área estratégica prevista na legislação ambiental para atenuar os impactos humanos sobre Unidades de Conservação e áreas ecologicamente frágeis. Ao eliminar essa proteção, o decreto abriu caminho para empreendimentos imobiliários e até atividades minerárias, gerando forte reação de ambientalistas, pesquisadores e moradores locais.
A Serra do Elefante é uma área estratégica na região metropolitana com mais de 30 nascentes, contou Virginia Aguiar Soripe, presidente da Associação dos Amigos da Serra do Elefante (AASE).
“São cerca de 180 espécies importantes e animais em extinção como Lobo Guará e Tamanduás. Temos aqui um dos refúgios de uma espécie rara, que é o faveiro-de-wilson”, disse Virgínia.

O faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii) é uma árvore brasileira rara e ameaçada de extinção, que ocorre apenas em Minas Gerais, numa faixa muito restrita de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica. Descoberta nos anos 1960, essa espécie foi identificada pela primeira vez pelo botânico Wilson Geraldo Elias, que dá nome à árvore.
A Serra do Elefante é um dos últimos refúgios conhecidos do faveiro-de-wilson em ambiente natural. A vegetação da serra e sua altitude criam as condições ideais para o desenvolvimento da espécie.
“A especulação imobiliária está descontrolada e o poder público age para favorecer o loteamento, mesmo diante do fato de que é uma área de Mata Atlântica”, disse Virgínia.
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