Um tributo à resistência da comunidade e um convite à reflexão sobre os impactos da mineração predatória. Seis anos após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, um Espaço de Memória Popular é aberto na comunidade de Córrego do Feijão, onde parte do terreno foi destruído pelo desabamento.
Os moradores, junto com o Instituto Cordilheira – uma das principais vozes na defesa das comunidades atingidas pela mineração em Minas Gerais – reuniram fotos, documentos e relatos na exposição “Florescer em meio à lama: memórias que brotam”.
Os testemunhos e imagens, compõe um retrato vivo do Córrego do Feijão. As vozes dos moradores que seguem habitando o vilarejo ecoam com força, desafiando o esquecimento e reafirmando sua identidade.
Uma exposição para não esquecer
As fotografias que capturam a essência do território e vídeos que narram trajetórias de superação fazem um mergulho em um universo de luta e esperança.
Além de recordar o impacto da tragédia, a exposição propõe um olhar sobre a resistência das comunidades atingidas e a necessidade de mudanças estruturais para evitar novos desastres.
Seis anos de luta e reconstrução
O rompimento da barragem, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, deixou um saldo devastador: 272 mortos, centenas de famílias desalojadas e um impacto ambiental irreparável. Desde então, os moradores de Córrego do Feijão e Jangada têm lutado para manter viva a memória das vítimas e reivindicar justiça. “O Espaço de Memória Popular é uma forma de garantir que essas histórias não sejam esquecidas e de lembrar que somos mais fortes do que toda a dor que nos impuseram”, afirma Carolina de Moura Campos, integrante do Instituto Cordilheira.
Homenagem e mobilização coletiva
Para Carolina, o ato de lembrar também é um ato de resistência. “A memória tem um papel transformador. Quando contamos as histórias de quem segue vivendo no local, não estamos apenas homenageando as vítimas; estamos nos mobilizando para que crimes ambientais como esse não se repitam.” A programação do espaço contará com rodas de conversa, visitas guiadas e debates sobre justiça socioambiental.
Os visitantes podem deixar mensagens de solidariedade e compromisso com a causa. Para Silvia, proprietária da sorveteria que sedia a exposição, essa mobilização fortalece a comunidade. “Nós somos a nossa memória. Nada pode apagar as lembranças que construímos aqui. Tudo o que vivemos de bom permanecerá vivo dentro de nós.”
Exposição:
De 22 a 27 de janeiro de 2025
Sorveteria da Silvia, Praça do Córrego do Feijão, Brumadinho
Aberto ao público das 9h às 17h